Ter, 26 de abril de 2022, 12:07

Conheça jogo desenvolvido na UFS para estimular pesquisa escolar no ensino fundamental
Trabalho foi realizado no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
"Trilhou" é o título do game com registro no INPI (Fotos: Adilson Andrade - Ascom/UFS)
"Trilhou" é o título do game com registro no INPI (Fotos: Adilson Andrade - Ascom/UFS)

Nos idos de 2007, France Mabel Santos começou a trabalhar na biblioteca de uma escola privada em Aracaju (SE) e se inquietou com o silêncio no local. Era preciso pensar em uma alternativa para tornar o lugar mais dinâmico. Seis anos depois, surgiu a Maria Livrão, uma boneca criada a partir de uma caixa de sapato, para estimular a leitura de estudantes do 1º ano do ensino fundamental. O projeto se somou a outros recursos utilizados pela bibliotecária, como contação de história e rodas de leitura.

Quem é a Maria Livrão? Conta-se que a personagem foi embora do “País dos Livros” por se cansar de tanto ler e resolveu ir para a escola porque achava que lá ninguém gostava de leitura. Por trás dessa história, existe um desafio: provar que ela está enganada. Como? Retirando os livros da biblioteca para levar para casa.

Agora, a Maria Livrão também está nas telas do jogo “Trilhou”, desenvolvido pela France Mabel no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI), da Universidade Federal de Sergipe (UFS). A orientação do trabalho de mestrado, defendido no ano passado, foi da professora Janaina Fialho.

A missão da personagem é mostrar para os alunos as etapas de uma pesquisa escolar de forma lúdica, como diz France, para que eles aprendam brincando. “São noções básicas que a gente começa desde o [ensino] fundamental para ir formando essa criança para que ela chegue à universidade com esse embasamento”, afirma a mestra em Gestão da Informação e do Conhecimento.

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France Mabel e a versão de pano da boneca Maria Livrão.
France Mabel e a versão de pano da boneca Maria Livrão.

O jogo deve ser aplicado por professores ou bibliotecários para alunos do ensino fundamental I (1º ao 5º ano). São sete etapas, que vão do reconhecimento das fontes de pesquisa, passando pela escolha do tema, definição do foco e a exploração da informação a partir de fichamentos e referências. O passo a passo da preparação do pesquisador mirim.

A motivação para desenvolvimento do produto se deu da observação de France da dificuldade dos alunos “em fazer a busca e o uso da informação de forma que proporcionasse uma aprendizagem significativa”, como ela escreveu na dissertação.

Além disso, vem da mudança nas configurações de ensino com alunos muito envolvidos na cultura digital, o que exige novas estratégias, a exemplo, os jogos em plataformas virtuais. Segundo a pesquisadora, as aulas não são mais suficientes para atender a demanda do novo alunado. “Eles são jovens cada vez mais autônomos, multitarefas e coparticipativos”, aponta.

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A professora de Ciência da Informação, Janaina Fialho, acrescenta que a ferramenta contribui para a formação crítica de pesquisadores juvenis em um país no qual a iniciação científica e o acesso à biblioteca ainda são tardios. “Existem várias habilidades durante o jogo que são trabalhadas com as crianças que constituem habilidades de busca e uso da informação.”


Janaina Fialho orientou o trabalho de France Mabel no PPGCI.
Janaina Fialho orientou o trabalho de France Mabel no PPGCI.

Entre as habilidades trabalhadas na atividade, a professora cita a confiabilidade das fontes e a noção de propriedade intelectual. Fialho ainda destaca a importância dos bibliotecários como mediadores no processo de pesquisa.

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Inicialmente, a ideia de France era produzir um jogo de tabuleiro, mas a proposta avançou para o universo digital. Para isso, ela contou com a parceria de um projeto de extensão coordenado pela professora Kenia Kodel, do Departamento de Computação da UFS.

O "Trilhou" já tem registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e pode ser utilizado nas escolas de todo o país. “Basta que o professor tenha um tema que vai trabalhar com as crianças”, indicou a bibliotecária.

O objetivo de France é mostrar que o ato de garimpar informação vai além de um copia e cola de textos. E quem sabe diminuir a frequência desta situação:

“Ô, tia, já fiz o trabalho”, depois de abrir um site e ter copiado tudo. “Não é só isso”, reforça France Mabel o intuito do trabalho.

Abel Serafim - Rádio UFS

comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Qua, 22 de junho de 2022, 12:29
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