Seg, 11 de maio de 2020, 06:00

Estudo simula impactos da pandemia na economia sergipana; veja os números
Estimativa considera retirada de trabalhadores informais e acima de 50 anos de idade

O afastamento dos trabalhadores informais do mercado sergipano, pelo período de três meses, por conta do isolamento social como medida de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, geraria um custo de R$ 2,6 bilhões para a economia do estado. Já na hipótese da retirada dos trabalhadores acima de 50 anos - formais e informais, a estimativa é de um custo trimestral de R$ 1,6 bilhão. Estes dois cenários são estimados em um estudo publicado nesta segunda-feira, 11, por pesquisadores do Laboratório de Economia Aplicada e Desenvolvimento Regional da Universidade Federal de Sergipe.

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A nota técnica simula a retirada dos dois grupos de trabalhadores de suas atividades, sem levar em consideração as políticas de medidas compensatórias do governo, e preservando os serviços essenciais, como agropecuária, saúde, alimentos, setores de geração de energia e distribuição de água, e administração pública. "São dois cenários hipotéticos para a economia no sentido de identificar a importância desse dois grupos de trabalhadores, que são os mais vulneráveis e mais afetados direta e imediatamente," explica o coordenador do Leader e professor de Economia da UFS, Luiz Carlos Ribeiro.

Na hipótese da retirada dos trabalhadores informais, a simulação indica um custo mensal de R$ 866,5 milhões para economia. Em caso de prolongamento da medida restritiva pelo período de três meses, o impacto no PIB anual do estado poderia chegar a 9,88%.

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Simulação da retirada de trabalhadores informais. Foto: Reprodução/Leader
Simulação da retirada de trabalhadores informais. Foto: Reprodução/Leader

No caso dos trabalhadores acima de 50 anos de idade, a estimativa é de um custo mensal de R$ 548 milhões para a economia estadual, com impacto de 6,26% do PIB anual, em caso de prolongamento do isolamento social no estado durante três meses.

Os pesquisadores estimam que a fabricação de químicos, limpeza e farmacêuticos, produtos de minerais não-metálicos e indústria extrativa seriam os setores industriais mais impactados nos dois cenários simulados no estudo. Já no setor de serviços, transportes, armazenagem, correio, educação e serviços prestados às famílias seriam os mais afetados na economia sergipana com a retirada dos dois grupos de trabalhadores.

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Simulação da retirada de trabalhadores acima de 50 anos. Foto: Reprodução/Leader
Simulação da retirada de trabalhadores acima de 50 anos. Foto: Reprodução/Leader

O pesquisador diz ainda que é mais fácil visualizar o impacto econômico no setor de serviços, como fechamento de lojas, mas, para ele, os mais afetados pela crise são os agentes econômicos vulneráveis. “Por exemplo, os trabalhadores informais e as micro e pequenas empresas. Então, imagine: uma empresa grande consegue ter caixa suficiente para se manter fechada ou com funcionamento reduzido por muito mais tempo do que uma pequena. É muito complicado para essas empresas continuarem pagando folha de pessoal, mão de obra, uma vez que não estão tendo receita de vendas,” justifica.

Luiz Carlos Ribeiro pontua que “as políticas compensatórias dos governos federal e estadual, bem como informações setoriais de queda de receita de vendas obtidas pelas Notas Fiscais Eletrônicas (NFe) durante o período de isolamento social, por exemplo, podem refinar futuros cenários. O correto para enfrentamento dessa crise é você ter uma política de Estado, onde você teria uma série de medidas que seriam instauradas na economia, independente de qualquer partido político que esteja no governo. Isso poderia garantir maior eficiência e rapidez na implementação das ações,” ressalta o professor.

Além de Luiz Carlos Ribeiro, o estudo foi elaborado pelos professores do Leader no Departamento de Economia da UFS, José Ricardo de Santana, José Roberto Lima Andrade, Fábio Moura, Fernanda Esperidião e Marco Antônio Jorge, em parceria com o professor Gervásio Santos (UFBA) e o pesquisador Rodrigo Cerqueira (SEI/BA).

Setores de atividade das simulações

S1 Agropecuária;
S2 Indústria Extrativa;
S3 Alimentos e bebidas;
S4 Fabricação de químicos, limpeza e farmacêuticos;
S5 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos;
S6 Outros da indústria de transformação;
S7 Serviços Industriais de Utilidade Pública;
S8 Construção;
S9 Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas;
S10 Comércio por atacado e varejo, exceto veículos automotores;
S11 Transporte, armazenagem e correio;
S12 Alojamento e Alimentação;
S13 Telecomunicações e informação;
S14 Intermediação financeira, seguros e previdência complementar;
S15 Atividades imobiliárias;
S16 Serviços prestados às empresas;
S17 Administração pública, defesa e seguridade social;
S18 Educação;
S19 Saúde;
S20 Serviços às famílias.

Leader

O Leader - Laboratório de Economia Aplicada e Desenvolvimento Regional - é um grupo de pesquisa vinculado ao Programa Acadêmico de Pós-Graduação em Economia e ao Departamento de Economia da UFS, que tem por objetivo desenvolver pesquisas econômicas aplicadas de excelência voltadas para o desenvolvimento regional, buscando identificar problemas e propor estratégias para subsidiar a elaboração e condução de políticas para o Brasil, como também para suas regiões e cidades. O laboratório foi criado em dezembro de 2015, agregando professores, alunos de pós-graduação e graduação e pesquisadores com interesse em economia aplicada e, que desenvolvam pesquisas direta e indiretamente, com ênfase em economia regional.

Por Abel Victor e Josafá Neto


Atualizado em: Seg, 25 de maio de 2020, 16:07

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