Seg, 05 de setembro de 2022, 20:45

Menos de 1% dos vacinados relatou reações nas primeiras 145 mil doses aplicadas em Aracaju
Estudo da UFS reforça segurança dos imunizantes no combate ao novo coronavírus
Coronavac foi um dos imunizantes avaliados na pesquisa. Foto: Shirlene Reis/Ascom UFS
Coronavac foi um dos imunizantes avaliados na pesquisa. Foto: Shirlene Reis/Ascom UFS

A circulação de fake news sobre efeitos colaterais foi um dos principais obstáculos para o avanço da campanha de vacinação contra a covid-19 no mundo inteiro. No entanto, não há mais dúvidas sobre a eficácia dos imunizantes com o controle de casos e mortes provocados pela doença. Além da eficácia para a produção de anticorpos, a segurança das vacinas diante da possibilidade de reações adversas é um ponto-chave na relação risco-benefício.

O mais recente estudo que reforça a segurança dos imunizantes foi publicado na revista Pan-americana de Saúde Pública por pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS), em parceria com a Secretaria de Saúde de Sergipe e a Secretaria de Saúde de Aracaju. A pesquisa avaliou as duas vacinas aplicadas no início da campanha de imunização: CoronaVac e AstraZeneca.

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Menos de 1% dos vacinados relatou reações adversas entre as primeiras 145 mil doses aplicadas na capital sergipana, no período de 19 de janeiro a 30 de abril de 2021. Houve uma ocorrência de 33 efeitos colaterais para cada 10 mil doses aplicadas no município nos três primeiros meses da campanha de vacinação. Ao todo, foram identificados 474 registros de reações em 254 pacientes.

Todos os eventos adversos foram considerados leves, de acordo com o líder da publicação e chefe do Laboratório de Patologia Investigativa da UFS, professor Paulo Ricardo Martins Filho. Entre as reações mais comuns, o pesquisador aponta dor no local da injeção, cefaleia, dor muscular, náusea, vômito e febre.


Paulo Martins Filho é professor de Epidemiologia da UFS. Foto: Adilson Andrade/Ascom UFS
Paulo Martins Filho é professor de Epidemiologia da UFS. Foto: Adilson Andrade/Ascom UFS

"Todos os relatos de reações adversas pela população foram classificados como não graves e que se resolveram logo nas primeiras horas ou nos primeiros dias após a sua ocorrência. Isso acaba reforçando o perfil de segurança das vacinas que estão sendo utilizadas para combater a covid-19", destaca Paulo Martins.

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O levantamento foi realizado a partir da coleta de dados do e-SUS Notifica, sistema de vigilância passiva de eventos adversos relacionados à aplicação das vacinas, a partir do relato de pacientes em unidades de saúde públicas e privadas. Após a notificação de casos, as informações são analisadas pelas equipes médicas para confirmação se há ou não relação entre a reação adversa e a vacina aplicada.

CoronaVac x AstraZeneca

De acordo com o professor de Imunologia da UFS, Diego Moura Tanajura, o resultado da pesquisa também revelou que cefaleia e febre foram as reações mais comuns a depender da plataforma de desenvolvimento de cada imunizante. Vale lembrar que a Coronavac é produzida com vírus morto. Já a Astrazeneca utiliza vetor viral.

"Observamos que na CoronaVac as reações mais frequentes foram dor de cabeça, dores pelo corpo, dor no local da aplicação. Enquanto a AstraZeneca esteve mais relacionada com o quadro de febre. Mas volto a frisar que são todas reações leves e comuns para qualquer vacina administrada em crianças, adultos e idosos", ressalta Diego Tanajura.

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Professor Diego Tanajura desenvolve pesquisas sobre vacinas. Foto: Josafá Neto/Rádio UFS
Professor Diego Tanajura desenvolve pesquisas sobre vacinas. Foto: Josafá Neto/Rádio UFS

O pesquisador também chama a atenção para o perfil da população avaliada. "Foram os profissionais da saúde que estavam na linha de frente e os idosos. E é importante falar dos idosos, porque os extremos de idade podem sofrer mais por conta das reações adversas, que podem ser mais graves, mas não detectamos nenhuma reação grave," complementa.

Além dos professores Paulo Martins Filho e Diego Moura Tanajura, a publicação na revista é assinada pelos pesquisadores Ricardo Ruan Rocha Santana, Taise Ferreira Cavalcante, Waneska de Souza Barboza, Mércia Feitosa de Souza, Marco Aurelio de Oliveira Góes, Ângela Marinho Barreto Fontes e Marcia Estela Lopes da Silva.

Josafá Neto

comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Ter, 06 de setembro de 2022, 11:21
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