Qua, 02 de dezembro de 2020, 16:37

Ipea concede Prêmio de Excelência em Pesquisa a professores da UFS
Trabalho científico premiado aborda o financiamento público à inovação

Abel Victor | Rádio UFS - A distribuição regional do financiamento público à inovação é o tema do artigo classificado em primeiro lugar no Prêmio de Excelência em Pesquisa Roberto Campos, promovido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao Ministério da Economia.

O trabalho, publicado na Revista Planejamento e Políticas Públicas, foi elaborado pelos professores do Departamento de Economia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), José Ricardo de Santana e Fernanda Esperidião, em parceria com os professores Márcia Rapini, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e André Teixeira, da Universidade Federal de Alfenas (Unifal).

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Foram selecionados, ao todo, quatro trabalhos dentre as publicações feitas ano passado nas revistas editadas pelo Ipea, Pesquisa e Planejamento Econômico (PPE) e Planejamento e Políticas Públicas (PPP). O artigo premiado na primeira colocação da revista PPP avaliou a concentração regional do financiamento público na área da inovação, a partir da Pesquisa de Inovação (Pintec) de 2001 a 2011, e dos dados da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para o período de 2005 a 2014.

O professor José Ricardo de Santana pontua que o estudo buscou entender os impactos e os resultados do financiamento público na área da inovação de modo regional. “O que nós fazemos é observar se esse crescimento foi distribuído equitativamente entre todas as regiões, obviamente, olhando a demanda. A gente olha se aquelas regiões tiveram crescimento no número de empresas inovadoras, por exemplo, se elas receberam proporcionalmente mais financiamento”, afirma.


José Ricardo Santana ressalta relevância da pesquisa. Foto: Paulo Marques/Ascom UFS
José Ricardo Santana ressalta relevância da pesquisa. Foto: Paulo Marques/Ascom UFS

O pesquisador ainda destaca que o artigo mostrou que há uma concentração, em termos relativos, na região Sudeste. “E a gente atribui isso a política que foi implementada no país de trabalhar com grandes campeões, ou seja, você trabalhar com a perspectiva de inovação realizada por empresas de maior porte. Aquelas regiões onde a gente tem empresas menores, é o caso da região Nordeste, ficam prejudicadas nessa política de financiamento.”

Já a professora Fernanda Esperidião afirma que, através da análise regionalizada da temática, o trabalho consegue evidenciar que “em linhas gerais a política de inovação não conseguiu reverter o cenário de concentração regional” no período analisado, entre 2001 e 2011.

Esperidião ainda ressalta que as regiões Norte e Nordeste receberam incentivos por empresa inovadora menores do que a média nacional. “Então, a gente observa que os financiamentos e a política inovativa ainda permanecem concentrados na região Sudeste”, complementa a pesquisadora.


Fernanda Esperidião destaca evidências do trabalho. Foto: Josafá Neto/Rádio UFS
Fernanda Esperidião destaca evidências do trabalho. Foto: Josafá Neto/Rádio UFS

Professora no Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG, Márcia Rapini conta que o ponto diferencial do artigo é analisar a ciência e a tecnologia sob perspectiva regional. Ela ainda destaca a importância da parceria com a UFS para o sucesso do trabalho, porque “é muito importante esse olhar dos atores que fazem parte das regiões para se propor, propriamente, políticas voltadas para a região”.

Rapini também enfatiza a necessidade de políticas públicas para reverter ou reduzir a tendência de concentração na discussão sobre a área da ciência, tecnologia e inovação no país. “Essa é uma área que, por razões endógenas, é muito concentradora, porque o processo de inovação é um processo cumulativo. Então, políticas que buscam reduzir essa concentração que já existe no Brasil precisam se propor a mudar uma trajetória e a construir caminhos de longo prazo”, explica.

Diante da importância estratégica da área para desenvolvimento do país, André Teixeira, professor de Economia na Unifal, acredita que “discutir financiamento público à inovação é uma forma de você discutir como que o Estado e como os governos podem agir ou induzir o desenvolvimento econômico em nível nacional ou regional a partir da geração e difusão de inovações”.

O Prêmio

O Prêmio de Excelência em Pesquisa Roberto Campos foi lançado em 2017 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com objetivo de “estimular a reflexão nacional, por meio de conhecimentos que subsidiem políticas públicas orientadas para a promoção do desenvolvimento econômico e social do país de forma sustentável”. O nome da premiação é uma homenagem ao ex-ministro e economista, Roberto de Oliveira Campos, idealizador e fundador do instituto.

Este ano a cerimônia de premiação ocorrerá no próximo dia 07 de dezembro, de forma virtual, na abertura do 48º Encontro Nacional de Economia da Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia (Anpec).


Atualizado em: Qua, 02 de dezembro de 2020, 17:53

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