Abel Victor | Rádio UFS - O Laboratório de Economia Aplicada e Desenvolvimento Regional (Leader) da Universidade Federal de Sergipe (UFS) divulgou, na manhã desta sexta-feira, 6, uma nova simulação dos efeitos da pandemia da covid-19 na economia sergipana nos meses de maio e junho. A análise, realizada no âmbito do projeto EpiSergipe, é baseada no pagamento do auxílio emergencial, manutenção dos serviços essenciais, retirada de trabalhadores informais, queda do emprego formal observada no estado, e média do índice de isolamento social.
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O coordenador do Leader, professor Luiz Carlos de Santana Ribeiro, afirma que a análise também levantou dados do emprego formal através do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). “O que a gente observa é que os dois meses continuam com saldo negativo e significa que o número de admissões foi inferior ao número de desligamentos, mas a gente já observa uma melhora , quando a gente compara os saldos.”
“Então, embora ainda o saldo seja negativo, ele é bem menor do que o saldo do mês de maio. E, quando a gente vai olhar os dados em termos de setores, a gente observa que os setores de agropecuária e indústria são os únicos setores que já apresentaram saldo positivo para o mês de junho”, complementa.
Considerando os fatores acima, o estudo estima um custo de cerca de R$ 413,7 milhões em maio, o que representaria 1,57% do Produto Interno Bruto (PIB) de Sergipe. Já, em junho, o custo é levemente superior ao mês anterior: R$ 419,1 milhões, ou seja, 1,59% do PIB.
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Dados do Ministério da Cidadania revelam que, nos meses de maio e junho, o repasse do auxílio emergencial para Sergipe foi, respectivamente, da ordem de R$ 603,1 milhões e R$ 592,3 milhões. Com isso, houve queda de 1,79% no valor total do benefício encaminhado ao estado.
O estudo ainda aponta que “ainda que a média do índice de isolamento social tenha sido menor em junho, a queda no valor do auxílio pode explicar, em parte, o fato de o impacto no mês de junho (-1,59%) ser levemente superior ao do mês anterior (-1,57%)” e que o resultado acompanha a dinâmica de queda na arrecadação do ICMS: -27% em maio e -15% em junho.
A dimensão desses impactos em relação ao mês de maio representa quase o dobro da arrecadação (1,96) do ICMS e para o mês de junho, 1,7 vezes do valor arrecadado do imposto. Outra forma de avaliar, segundo a análise, é observar a queda das receitas oriundas das notas fiscais eletrônicas (NF-e) a partir da comparação entre os meses de maio e junho de 2019 e 2020. Com base nisso, foi possível avaliar que, em maio, a redução foi de R$ 157 milhões e, em junho, R$ 57,8 milhões.
“É interessante observar que tais reduções de receitas da venda de bens e serviços em Sergipe estão bem abaixo do valor do impacto estimado neste Boletim. Isso pode ser explicado principalmente por causa das relações indiretas de comércio, as quais não são captadas pelos dados das NFe”, aponta a análise do Leader.
Além disso, não houve alterações expresivas dos setores atingidos pela pandemia nos meses estudados, porque “os elementos que subsidiam as simulações (índice de isolamento social, principalmente, e emprego formal) mudaram marginalmente”.
Projeto EpiSergipe
A Universidade Federal de Sergipe firmou uma parceria com o Governo de Sergipe para o desenvolvimento de um projeto que visa acompanhar o grau de contaminação e os impactos do coronavírus em Sergipe. O investimento será de R$ 4.160.000,00.
Subdividido em três vertentes, o projeto terá duração de um ano e consiste em monitorar o nível de infecção por covid-19, identificando-se a prevalência em quinze municípios, estimar os impactos socioeconômicos da pandemia no estado e acompanhar os impactos sociais da pandemia em populações mais vulneráveis.