Josafá Neto | Rádio UFS - A taxa de mortalidade por covid-19 em Aracaju aumentou 78,3% somente nos últimos 15 dias. Isso porque quase metade dos 286 óbitos registrados na capital sergipana por causa da doença ocorreu nas duas últimas semanas. É o que mostra o novo estudo epidemiológico publicado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), nesta sexta-feira, 03, no âmbito do projeto EpiSergipe.
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Com base nos dados epidemiológicos divulgados pelo município até o final do mês passado, a análise ainda aponta o aumento de 19,1% na taxa de letalidade da doença na cidade entre os dias 16 e 30 de junho. Além disso, a incidência de casos do novo vírus respiratório por 10 mil habitantes cresceu 50% no período analisado. Ao todo, até o fim de junho, 14.814 casos foram confirmados desde o início da pandemia.
"Esperamos que esses resultados continuem auxiliando os órgãos competentes no planejamento estratégico de enfrentamento à epidemia de covid-19 em Sergipe. Da mesma forma, esperamos que os resultados deste estudo sirvam de subsidio para a adoção de estratégias de educação em saúde e prevenção da covid-19 em regiões mais críticas junto as equipes de atenção básica," ressalta o coordenador do laboratório de Patologia Investigativa da UFS, professor Paulo Ricardo Martins Filho.
Incidência por zona urbana
Considerando o aumento de 50% na incidência da doença na população, a maior taxa continua sendo registrada na zona leste com 283,0 casos para cada 10 mil habitantes. No entanto, a zona norte registrou o maior crescimento nos últimos 15 dias, saindo de 107,9 para 164,6 casos para 10 mil habitantes. Isso aponta um aumento de 52,5%.
Taxa de incidência por bairro
O Bairro Jabotiana lidera a incidência da covid-19 na capital com 412,8 casos para cada 10 mil habitantes. Em seguida, aparece o Centro com a taxa de 411,4, e Jardins com 411,0. Por outro lado, o Bairro Cidade Nova, seguindo a tendência da zona norte, contabilizou o maior aumento nas duas últimas semanas. O salto de 187,8 para 279,5 casos para cada 10 mil habitantes indica um crescimento de 48,8% no período.
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Incidência na população idosa
Do total de casos confirmados até o fechamento do estudo epidemiológico, 11,9% foram em pessoas acima de 60 anos de idade. A taxa de incidência da doença na população idosa em Aracaju é de 197,2 casos para cada 10 mil idosos. O Centro segue liderando a incidência entre os bairros de Aracaju com 654,3 casos para 10 mil idosos, mas a análise chama a atenção para o aumento de quase 200% nos 15 últimos dias no Bairro Santo Antônio, subindo de 101,3 para 300 casos para cada 10 mil idosos.
Taxa de letalidade
Entre os dias 16 e 30 de junho, a taxa de letalidade do novo coronavírus subiu 19,1% em Aracaju. Passou de 1,62% para 1,93% de óbitos do total de casos confirmados no município. A zona norte continua apresentando a maior taxa de letalidade da doença na capital sergipana com 2,0%. A zona sul, por sua vez, registrou o maior aumento no período (34,3%). Já na zona leste, houve uma queda de 4,2% na taxa de letalidade.
Este cenário ainda aponta que 11 bairros têm apresentado taxas de letalidade acima de 2%. Cinco desses bairros estão na zona norte (18 do Forte, Industrial, Lamarão, Santos Dumont e Soledade), 3 da zona oeste (América, José Conrado de Araújo e Novo Paraíso), 2 da zona leste (Cirurgia e Getúlio Vargas) e um da zona sul (Santa Maria).
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Taxa de mortalidade
Com 4,35 óbitos para cada 10 mil habitantes, Aracaju também viu a taxa de mortalidade por covid-19 aumentar 78,3% nas duas últimas semanas. A zona norte do município também permanece com a maior taxa de mortos com 3,3 óbitos para cada 10 mil habitantes. Em contrapartida, a zona sul contabilizou o maior crescimento no período. A taxa de mortalidade pelo coronavírus cresceu 100,0%, saltando de 0,80 para 1,60.
Na população acima de 60 anos, o índice é de 22 óbitos para cada 10 mil idosos na capital. A maior taxa de mortalidade em idosos continua sendo observada na zona norte com 18,2 óbitos. Em seguida, estão as zonas oeste (13,9), sul (11,7) e leste (9,0).
Letalidade x Condições de vida
O estudo também avalia a correlação entre indicadores de mortalidade pelo novo coronavírus e indicadores socioeconômicos nos bairros de Aracaju. "Estudos têm sugerido que as populações mais pobres do mundo são mais susceptíveis à covid-19 e apresentam maior risco de morte pela doença. Desta forma, torna-se importante uma avaliação dessa correlação para que políticas públicas possam ser implementadas no sentido de diminuir iniquidades em saúde no enfrentamento da epidemia," diz Martins.
Enquanto a letalidade se refere aos óbitos por casos confirmados, o Índice de Condições de Vida (ICV) inclui indicadores relacionados à educação, renda e moradia por bairro. Neste caso, quanto maior o ICV, pior é a condição de vida da população.
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Além de Paulo Ricardo Martins Filho, a nota técnica é assinada pelos professores Lucindo Quintans Júnior e Adriano Antunes Araújo, do Departamento de Farmácia da UFS, pela doutoranda Maria Joseli Melo de Jesus, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFS, e pelo professor Victor Santana Santos, do Centro de Epidemiologia e Saúde Pública da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
Projeto EpiSergipe
A Universidade Federal de Sergipe firmou uma parceria com o Governo de Sergipe para o desenvolvimento de um projeto que visa acompanhar o grau de contaminação e os impactos do coronarívurs em Sergipe. O investimento será de R$ 4.160.000,00.
Subdividido em três vertentes, o projeto terá duração de um ano e consiste em monitorar o nível de infecção por covid-19, identificando-se a prevalência em quinze municípios, estimar os impactos socioeconômicos da pandemia no estado e acompanhar os impactos sociais da pandemia em populações mais vulneráveis.
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