Josafá Neto | Rádio UFS - O Laboratório de Economia Aplicada e Desenvolvimento Regional (Leader) da Universidade Federal de Sergipe (UFS) divulgou nesta segunda-feira, 29, uma simulação de impactos da pandemia da covid-19 na economia sergipana em abril. A análise realizada no âmbito do projeto EpiSergipe estima que o custo econômico com a retirada de trabalhadores informais somada à queda do emprego formal observada no estado poderia ter sido de R$ 654,3 milhões no mês analisado.
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A simulação não leva em consideração as políticas compensatórias do governo, já que o objetivo é compreender a importância dos trabalhadores informais para a economia. Por outro lado, de acordo com o coordenador do Leader, professor Luiz Carlos Ribeiro, "a estimativa preserva o funcionamento pleno de setores essenciais à manutenção de vidas humanas e também leva em conta a média do índice de isolamento social ao longo do mês e a redução do emprego formal no acumulado deste ano até abril."
Além de Luiz Carlos Ribeiro, o estudo foi elaborado pelos professores do Leader no Departamento de Economia da UFS, José Ricardo de Santana, José Roberto Lima Andrade, Fábio Rodrigues de Moura, Fernanda Esperidião e Marco Antônio Jorge.
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Os pesquisadores consideram a média mensal de isolamento social de 42,9% no estado, segundo levantamento da Inloco, para representar o percentual de trabalhadores afastados da informalidade, além da queda acumulada de 3,33% dos empregos formais no estado. De janeiro a abril deste ano, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Sergipe contabilizou 22.445 admissões e 31.931 desligamentos, resultando num saldo negativo de 9.486.
"Estima-se um custo diário de aproximadamente R$ 30,6 milhões para a economia sergipana, o que representaria 0,12% do seu PIB anual. A extrapolação linear desse impacto revela que o isolamento social dos trabalhadores informais e a queda observada do emprego formal poderia gerar um prejuízo mensal que representaria 2,45% do PIB de Sergipe, caso não houvesse política compensatória", diz o estudo.
Setores econômicos
A simulação ainda aponta que os setores industriais mais impactados no estado até o mês de abril seriam a fabricação de químicos, limpeza e farmacêuticos, a indústria extrativa e a fabricação de produtos de minerais não-metálicos, com quedas de 84,8%, 78,9% e 73,1%, respectivamente. Esses setores, segundo o estudo, refletem empresas tradicionais, como FAFEN-SE, Petrobras e fábricas de cimento. Por isso, os pesquisadores avaliam que os resultados da estimativa são estruturais, e não refletem, necessariamente, a conjuntura econômica por conta da pandemia do novo coronavírus.
Transportes, armazenagem e correio (-49,5%), serviços prestados às empresas (-44,3%) e telecomunicações e informação (-40,4%), por sua vez, seriam os setores mais afetados no segmento de serviços da economia sergipana no acumulado até abril.
Setores de atividade das simulações
S1 Agropecuária;
S2 Indústria Extrativa;
S3 Alimentos e bebidas;
S4 Fabricação de químicos, limpeza e farmacêuticos;
S5 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos;
S6 Outros da indústria de transformação;
S7 Serviços Industriais de Utilidade Pública;
S8 Construção;
S9 Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas;
S10 Comércio por atacado e varejo, exceto veículos automotores;
S11 Transporte, armazenagem e correio;
S12 Alojamento e Alimentação;
S13 Telecomunicações e informação;
S14 Intermediação financeira, seguros e previdência complementar;
S15 Atividades imobiliárias;
S16 Serviços prestados às empresas;
S17 Administração pública, defesa e seguridade social;
S18 Educação;
S19 Saúde;
S20 Serviços às famílias.
Projeto EpiSergipe
A Universidade Federal de Sergipe firmou uma parceria com o Governo de Sergipe para o desenvolvimento de um projeto que visa acompanhar o grau de contaminação e os impactos do coronarívurs em Sergipe. O investimento será de R$ 4.160.000,00.
Subdividido em três vertentes, o projeto terá duração de um ano e consiste em monitorar o nível de infecção por covid-19, identificando-se a prevalência em quinze municípios, estimar os impactos socioeconômicos da pandemia no estado e acompanhar os impactos sociais da pandemia em populações mais vulneráveis.
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