Qui, 22 de outubro de 2020, 08:52

Veja as profissões mais comuns entre candidatos nas Eleições 2020 em Sergipe
Cerca de 300 candidatos declararam ocupações ligadas à área da saúde no estado

Abel Victor, Josafá Neto e João Vitor Moura* | Rádio UFS - Administrador foi a profissão declarada pelos candidatos em Sergipe que mais cresceu, em pontos percentuais, entre 2016 e 2020: 1,37. Em 2016, apenas 58 candidatos afirmaram seguir a ocupação, o que representava 0,99% dos concorrentes. Já, neste ano, o número saltou para 164, 2,35% do total. É o que aponta levantamento da Rádio UFS FM, a partir de dados do repositório do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Depois da administração, as ocupações com maiores aumentos proporcionais nos últimos quatro anos foram: motorista de veículos de transporte coletivo de passageiros (0,43 p.p), técnico de enfermagem e assemelhados, exceto enfermeiro (0,38 p.p), trabalhador rural (0,31 p.p) e músico (0,30 p.p).

Agricultor (-1,85), servidor público municipal (-1,51), estudante, bolsista, estagiário e assemelhados (-1,14), dona de casa (-0,57) e comerciário (-0,45) estão entre as ocupações que, em pontos percentuais, registraram as maiores reduções nas eleições municipais deste ano.

Apesar da queda, a profissão de agricultor é, em número absoluto, a mais frequente no pleito de 2020, com 541 candidatos, seguido de vereador, 470; comerciante, 334; servidor público municipal, 313; e dona de casa, 248.

+ Número de candidatos com ensino superior completo cresce 37% em SE


Ocupacoes sergipe

Comparando os dados acima com 2016, observa-se que houve mudanças apenas na ordem de algumas das profissões mais declaradas: agricultor, 566; vereador, 418; servidor público municipal, 353; comerciante, 305; e dona de casa, 243.

Em 2020, as ocupações mais comuns, em número absoluto, entre os postulantes aos cargos de prefeito no estado são: prefeito (26), advogado (21), vereador (14), comerciante (13) e agricultor (11). Entre os concorrentes a vice-prefeito, destacam-se: vereador (35), empresário (21), agricultor (20), comerciante (16) e aposentado (12).

Já, entre os candidatos a vereador, as profissões mais comuns são: agricultor (510), vereador (421), comerciante (305), servidor público (298) e dona de casa (242).

Aumento de candidaturas ligadas a áreas da saúde

Em Sergipe, pelo menos, 300 candidatos declararam ocupações ligadas à área da saúde, como médico, enfermeiro e psicólogo. Isso representa um aumento de 49,50% em relação a 2016. Já, no Brasil, o aumento foi de 23,17%. Ao menos, 19.532 postulantes ao executivo e legislativo municipal, em âmbito nacional, afirmaram atuar em profissões da saúde.

+ Em Aracaju, 14,6% dos candidatos trocam de partido para Eleições 2020


Candidatos saude

Segundo o professor de Ciências Sociais da Universidade Federal de Sergipe, Marcelo Ennes, há uma relação entre o aumento de candidaturas de profissionais de saúde aos cargos políticos nas eleições deste ano e a pandemia do novo coronavírus, “embora essa relação nem sempre apareça”.

Para o sociólogo, a exposição positiva dos profissionais dessa área, até como heróis, na televisão, rádio e redes sociais, acaba sendo capitalizada pela população em geral, de maneira simbólica, e utilizada por esses profissionais como um recurso para a disputa do pleito deste ano.

Não é de hoje que a visibilidade e o prestígio de determinadas profissões levam os profissionais da área a concorrer às eleições. O exemplo mais recente foi o do atual presidente da República, que utilizou fortemente sua relação com as Forças Armadas nas eleições de 2018, “como uma maneira de se capitalizar eleitoralmente e politicamente”. Ennes acrescenta que “no imaginário social essas profissões são ora representadas positivamente, ora negativamente” e que “os profissionais da saúde e segurança têm sido representados positivamente”.

+ Mulheres são maioria do eleitorado em 93% dos municípios de SE


Marcelo Ennes é professor de Ciências Sociais da UFS. Foto: Dionísio Neto/Rádio UFS
Marcelo Ennes é professor de Ciências Sociais da UFS. Foto: Dionísio Neto/Rádio UFS

De acordo com o sociólogo, uma composição heterogênea de profissões fortalece o processo eleitoral. Embora o professor sugira uma pesquisa, ele acredita que os candidatos utilizam o seu vínculo profissional somente no período eleitoral e “essa heterogeneidade eleitoral é minimizada, diminuída após as eleições”.

A profissão do candidato é um dos elementos a serem conhecidos pelos eleitores, mas não o único, afirma o sociólogo. No entanto, o político pode não seguir a carreira política baseada na profissão, pois o momento de pós-eleição “pode colocar outras questões, prioridades, os arranjos políticos, as composições partidárias, etc, que vai, talvez, diminuir a importância da profissão”.

Os ofícios dos candidatos no Brasil e no Nordeste

Em pontos percentuais, as profissões que mais registraram alta este ano em relação às eleições de 2016, no Brasil, foram: empresário (0,80), advogado (0,32), aposentado (0,20), técnico de enfermagem e assemelhados (0,19) e motorista particular (0,13), enquanto dona de casa (-0,97), comerciante (-0,94), vereador (-0,43), estudante e assemelhados (-0,40) e agricultor (-0,39) apresentaram as maiores baixas.

Assim como Sergipe, a profissão com maior número de candidatos no país é a de agricultor, com 37.789 postulantes. Em seguida, aparecem servidor público municipal, 35.427; empresário, 33.206; comerciante, 30.566; e vereador, 24.732.

No Nordeste, a profissão que mais cresceu proporcionalmente nos últimos quatro anos foi empresário, com aumento de 0,55 ponto percentual. Já o ofício de comerciante, com redução de 0,76 ponto percentual, foi o que mais encolheu neste período. Em 2020, os ocupações mais comuns dos candidatos na região, em número absoluto, são: agricultor, 16.659; vereador, 9.801; servidor público municipal, 8.596; comerciante, 8.393; e empresário, 6.630.

Vale ressaltar que o levantamento da Rádio UFS FM considerou apenas as ocupações nominadas pelos candidatos, ou seja, aquelas identificadas pelo nome da área, como advogado. Por esse motivo, a categoria "outros", que não especifica a profissão do candidato, foi desconsiderada da análise dos dados.

*Estagiário sob supervisão de Josafá Neto


Atualizado em: Qui, 22 de outubro de 2020, 08:52

Notícias Relacionadas
Notícias UFS