Seg, 19 de setembro de 2022, 19:23

UFS e UFRPE apontam que óleo encontrado em praias está associado a depósitos de parafina
Cientistas analisaram amostras coletadas no litoral de Sergipe e de Pernambuco
Material atinge litoral nordestino desde o último mês de agosto. Foto: Josafá Neto/Rádio UFS
Material atinge litoral nordestino desde o último mês de agosto. Foto: Josafá Neto/Rádio UFS

Pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) identificaram que o óleo encontrado em praias dos dois estados nordestinos desde o mês passado está relacionado ao derramamento de material de depósitos de parafina de tanques de armazenamento de óleo bruto.

Os resultados preliminares da análise química que detectou o produto derivado de petróleo foram divulgados nesta segunda-feira, 19, pelo Grupo de Petróleo e Energia da Biomassa da UFS, em parceria com o Grupo de Petróleo, Energia e Espectrometria de Massas da UFRPE.

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O professor do Departamento de Química da UFS, Alberto Wisniewski Júnior, é um dos líderes da pesquisa. Segundo ele, diante das circunstâncias de acidentes ou desastres com petróleo e derivados, o primeiro passo foi avaliar os aspectos geoquímicos orgânicos do óleo.

Alberto Wisniewski Jr lidera Grupo de Petróleo e Energia da Biomassa. Foto: Josafá Neto/Rádio
Alberto Wisniewski Jr lidera Grupo de Petróleo e Energia da Biomassa. Foto: Josafá Neto/Rádio

“Estudar esses parâmetros geoquímicos a partir da avaliação de moléculas permite identificar o tipo de matéria orgânica que deu origem ao material e quanto tempo ele levou para ser produzido geologicamente ao longo do tempo,” ressalta o pesquisador.

O óleo recolhido nas praias também está passando por análises de petroleômica, que consiste na caracterização de petróleos e derivados por espectrometria de massas de altíssima resolução. Trata-se de um metódo que investiga classes de compostos químicos que não são comumente vistas por técnicas convencionais.

Aspectos físicos e químicos

Wisniewski também chama a atenção para as diferenças no aspecto físico entre as manchas de 2019 e de 2022. Enquanto o material encontrado há três anos aparentava ser processado, os novos resíduos têm características de óleo cru, sendo um derivado do petróleo conhecido como tar balls, por apresentar um formato de "pequenas bolotas".

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Materiais apresentam aspectos físico-químicos diferentes. Foto: Fernando Azevedo/Ascom UFRPE
Materiais apresentam aspectos físico-químicos diferentes. Foto: Fernando Azevedo/Ascom UFRPE

“Em geral, já sabemos que o novo material é originado de um derrame de óleo que já tenha uma propriedade específica que passa muito tempo no ambiente sofrendo alterações pelas intempéries, levando a formação deste produto,” acrescenta o professor.

Apesar das diferenças físicas entre as substâncias de 2019 e 2022, o foco dos pesquisadores é descobrir se há semelhanças na composição química dos dois materiais para ajudar a descobrir a origem do novo derramamento. Por enquanto, Wisniewski afirma não descartar nenhuma hipótese de relação química entre os óleos.

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As conclusões iniciais da avaliação de geoquímica orgânica da UFS e UFRPE foram enviadas na semana passada para publicação na revista científica Chemosphere. O periódico de abrangência internacional aborda questões relacionadas a produtos químicos no meio ambiente.


Óleo encontrado em 2022 está associado a depósitos de parafina. Foto: Josafá Neto/Rádio UFS
Óleo encontrado em 2022 está associado a depósitos de parafina. Foto: Josafá Neto/Rádio UFS

Novo derramamento

Três anos após o derramamento de óleo mais extenso da história no litoral brasileiro, com mais de cinco mil toneladas de resíduos atingindo mil localidades de 11 estados, desde a costa do Rio de Janeiro ao Maranhão, o reaparecimento da substância em praias nordestinas reacendeu o alerta para o risco de um novo desastre ambiental no país.

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Os primeiros vestígios do novo derramamento surgiram no litoral pernambucano há cerca de um mês. Em Sergipe, mais de uma tonelada de resíduos já foram recolhidos na costa do estado, segundo a Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema). Em menos de um mês, o material já foi localizado em oito praias de seis cidades sergipanas.

Josafá Neto

comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Qua, 21 de setembro de 2022, 17:54
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