O uso de aplicativos de saúde e bem-estar foi impulsionado no Brasil com a pandemia da covid-19. O número de downloads de apps nessa área aumentou 45% em 2020, quando comparado ao ano anterior, superando a média mundial de 30%, segundo levantamento da consultoria internacional App Annie. No topo da lista de downloads, estão plataformas de informações sobre o novo coronavírus, exercícios físicos, práticas de yoga e meditação.
Foi neste contexto que a mestra Camila de Jesus Oliveira desenvolveu uma ferramenta para auxiliar a população de Itabaiana, no agreste sergipano, no acesso aos serviços públicos de saúde do município. O aplicativo ItaSaúde foi desenvolvido no mestrado profissional do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Sergipe (UFS), sob orientação da professora Messiluce da Rocha Hansen.
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O app foi criado para funcionar como um guia de acesso aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) do município, como a marcação de consultas, exames, urgências, cirurgia, saúde da mulher e da criança, covid-19 e vacinação. Todas as informações podem ser acessadas na plataforma por meio do cadastro do usuário no SUS.
Integração de informações públicas
Durante os dois anos da pesquisa, Camila explorou a tecnologia móvel como alternativa para integrar os serviços de saúde aos seus usuários de forma rápida e acessível. Ela realizou um levantamento etnográfico para aprimorar o protótipo a partir do contexto local de oferta e demanda em saúde.
Embora a maioria das informações estejam disponíveis na internet através do site da prefeitura do município, a pesquisadora identificou limitações no acesso da população. Ela pondera que “a forma como as informações são publicadas dificulta o acesso, diminuindo as chances para que o cidadão as utilize, por exemplo, para orientar seu processo de decisão quanto à busca de atendimento na rede pública de saúde”.
Nesse sentido, a ferramenta busca solucionar questões tecnológicas e informacionais, como a localização geográfica de postos de saúde, bem como dos serviços disponíveis em cada um deles. “Pensamos uma ferramenta que amplie as informações e facilite a busca por serviços. Percebemos no app móvel uma facilitação no acesso e no uso pela população e, com isso, agregando à saúde um elemento inovador”, justifica.
Desenvolvimento e implementação
O app foi incrementado com recursos associados ao design e ferramentas digitais que operam com a mesma lógica na área da saúde. Deste modo, a pesquisadora destaca que inseriu funções para a facilitar a usabilidade e a interação visual, a fim de tornar mais simples e objetiva a navegação na ferramenta.
Com a disseminação de informações sobre os serviços de saúde e, mais especificamente, sobre os serviços que são oferecidos nas Unidades Básicas de Saúde e nos Centros Especializados, organizadas a partir dos contextos de uso, possuindo potencial educativo sobre as decisões dos usuários do sistema de saúde, estima-se contribuir para a otimização do uso dos serviços da rede e para a redução das filas no Hospital Regional de Itabaiana.
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Com a conclusão do desenvolvimento do app, o próximo desafio é conseguir implementá-lo. “Pretendemos seguir com a proposta em conjunto com o Município. Já realizamos alguns encontros para discutir aprimoramentos, o fomento e a manutenção do ItaSaúde pelo poder público municipal”, revela.
Orientadora do trabalho, a professora Messiluce Hansen enfatiza o caráter inovador da pesquisa, sob as perspectivas interna - para a gestão organizacional da saúde municipal - e externa - para a disponibilidade de informações ao cidadão de forma mais transparente.
“Do ponto de vista da comunicação entre o Estado e o cidadão, o app tem o objetivo de sistematizar as informações que estão dispersas, seja na web, em sites do município e do governo estadual, possibilitando que a população tome conhecimento dos serviços que são ofertados. Isso representa um avanço à transparência pública, possibilitando ao cidadão não apenas conhecer os serviços, mas também fiscalizá-los”, ressalta.
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A professora também pontua que o desenvolvimento de pesquisas inovadoras no campo da Ciência da Informação “reforça os ganhos não somente científicos e tecnológicos, mas também mostra como a academia produz conhecimento e produtos que impactam no cotidiano dos indivíduos em diferentes áreas”.
Mário Cidrão e Josafá Neto
Rádio UFS FM 92,1
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