Seg, 20 de abril de 2020, 10:59

Busca por cloroquina e hidroxicloroquina ameaça disponibilidade de remédio para tratar outras doenças, diz estudo da UFS
Texto sobre o assunto foi publicado no Canadian Medical Association Journal (CMAJ)
Professor da UFS, Paulo Martins liderou o estudo. Foto: Ana Laura Farias/CampusLag
Professor da UFS, Paulo Martins liderou o estudo. Foto: Ana Laura Farias/CampusLag

A busca desenfreada por cloroquina e hidroxicloroquina para prevenir e tratar a infecção por covid-19 ameaça a disponibilidade dos dois medicamentos para pacientes com malária e doenças inflamatórias crônicas, como lúpus e artrite reumatoide, cuja eficácia dos remédios já é comprovada cientificamente. É o que alerta um texto publicado por pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe no Canadian Medical Association Journal.

+ Leia aqui a publicação original em inglês

A publicação liderada pelo professor Paulo Ricardo Martins Filho, chefe do laboratório de Patologia Investigativa da UFS, aborda o aumento de prescrições com base em especulações, o risco de automedicação e eventos adversos, e a falta de evidência até o momento de que a cloroquina e hidroxicloroquina são eficazes contra o coronavírus.

Com mais de dois mil casos confirmados de covid-19 no estado do Amazonas, os pesquisadores chamam a atenção para a explosão da infecção na região amazônica, que historicamente também enfrenta surtos de malária, por exemplo. Em 2019, o Amazonas teve 63.361 casos, segundo a Fundação Estadual de Vigilância em Saúde.

“O Brasil tem uma das maiores estimativas de prevalência de lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatóide do mundo e contribui para 40% dos casos de malária nas Américas. A transmissão da malária continua endêmica na Bacia Amazônica, que responde por 99,5% da carga da malária em todo o país”, aponta o pesquisador.

Outro aspecto discutido no texto é o papel dos farmacêuticos na orientação e entrega desses medicamentos aos pacientes diante do esgotamento das duas drogas em muitas farmácias. Há ainda relatos de mortes por overdose em decorrência da automedicação.

A publicação contou com a colaboração dos pesquisadores Elisama Magalhães de Melo e Mário Luis Mendes (UFS), Aline Carla Carvalho (UNCISAL) e Victor Santos (UFAL).

Restrições

No dia 20 de março deste ano, no início da pandemia no país, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passou a classificar a cloroquina e a hidroxicloroquina na categoria de medicamentos de controle especial. Com a medida, os remédios devem ser liberados apenas após a entrega de duas vias de receita médica especial branca.

Por Abel Victor e Josafá Neto


Atualizado em: Seg, 25 de maio de 2020, 15:49

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