Dois laboratórios do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia (CCET) da Universidade Federal de Sergipe (UFS) estão mobilizados na produção de um item indispensável para a higienização das mãos: o sabonete líquido. O objetivo da ação solidária é doar os produtos, inicialmente, para instituições sociais localizadas na Grande Aracaju.
O coordenador do laboratório de Biotecnologia Ambiental da UFS, professor Roberto Rodrigues, lidera a ação e conta que a ideia de fabricar o sabonete líquido surgiu diante do aumento da demanda do produto em tempos de pandemia da covid-19.
“A gente sabe que tem muitas pessoas carentes, logo, veio a ideia (da produção de sabonete), já que nosso Laboratório de Biotecnologia Ambiental, junto com o Laboratório de Desenvolvimento de Processo e Produto, vem desenvolvendo concepção de apoio à pequena e média indústria na área de saneantes, estamos nos preparando para isso. Agora, vamos produzir para a comunidade," afirma o professor.
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Entre o processo de fabricação da substância e o envasamento artesanal em unidades de 500ml, o primeiro lote com 100L do material ficou pronto em um dia de trabalho. Essa produção, segundo o professor, vai atender “o pessoal que lava carro na universidade, os movimentos de bairros, vilas e favelas e alguns asilos também."
A iniciativa de alunos e professores da universidade busca colocar em prática o conhecimento de sala de aula. É o caso do estudante de Química Industrial da UFS, Márcio Roberto, que carrega a experiência na fabricação de produtos numa startup.
“Como eu já tive uma pequena experiência dentro da minha indústria de produção de detergentes, desinfetantes e demais produtos, a gente também elaborava o processo (de produção) do sabonete líquido. Pegava a ponte da indústria, dos elementos que a indústria sempre utilizou na produção, e implementamos aqui no laboratório da universidade. Foi uma ideia bem prática e fácil de manusear," ressalta o estudante.
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Marcos também já pensa em fabricar outros produtos utilizados na prevenção e combate ao novo coronavírus. “Mais para a frente, a gente pode desenvolver o hipoclorito, que é essencial na limpeza, porque o micro-organismo fica, principalmente, nas pias, nos sanitários. Por isso, você precisa esterilizar (as superfícies).”
Ele ainda explica como o espessante, elemento utilizado na produção do sabonete, tem potencial para destruir o coronavírus. “O espessante, que é a remoção de gorduras, é que está complementamente ligado ao vírus, porque o vírus só tem uma camada, uma célula, que neste caso pode ser facilmente destruída,“ complementou o estudante.
A meta é ampliar a produção para atender instituições e órgãos do estado a partir da aquisição de novas matérias-primas. “Não dá para atender, nesse momento, hospitais e órgãos oficiais do nosso estado devido à quantidade, mas se tiver nova (produção), estaremos dispostos a distribuir para esses órgãos," finalizou o professor Roberto.
Por Abel Victor e Josafá Neto