Qui, 11 de outubro de 2018, 16:38

Bancada feminina na Alese cresce 33%, mas representatividade ainda é baixa
Especialistas avaliam participação de mulheres no poder e seus principais desafios

A bancada feminina da Assembleia Legislativa de Sergipe cresceu 33% com o resultado destas eleições. A quantidade de cadeiras ocupadas por mulheres na Alese subirá de quatro para seis em 2019. Com isso, o Estado passa a ter a segunda maior representatividade do gênero nas assembleias de todo o país, ao lado do Pará.

Desde as eleições de 1994, 34 mulheres já foram eleitas para o cargo de deputada estadual em Sergipe. Isso representa uma média de cinco candidatas eleitas a cada pleito no Estado, de acordo com os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Além disso, as mulheres lideraram a votação para o legislativo sergipano em três ocasiões. Em 1998, Maria Mendonça, do antigo PPB, foi a mais votada na eleição estadual. Em 2002, foi a vez de Celinha Franco (PPS), e em 2014, Sílvia Fontes (PDT).

Apesar deste crescimento, a bancada feminina ainda representa apenas um quarto das vagas da Alese. No Brasil, 161 deputadas foram eleitas neste ano, o que indica um aumento de 35%, em comparação ao resultado das eleições gerais de 2014.

Por outro lado, enquanto na Câmara Federal houve um aumento de 51% de mulheres eleitas em todo o país, Sergipe não elegeu nenhuma representante para o cargo no pleito do último dia 7 de outubro. Esse cenário se repete no Amazonas e Maranhão.

Embora a lei eleitoral exija que os partidos reservem o mínimo de 30% das candidaturas para cada gênero, o Brasil é o 152º colocado no ranking da União Parlamentar, que avaliou a representatividade feminina no parlamento de 190 países.

Para o Professor de Ciências Sociais da UFS, Marcelo Ennes, em uma sociedade diversa, a representatividade feminina é cada vez mais necessária. "Hoje existe uma ideia muito mais ampla e complexa de representatividade no poder. É muito importante para uma democracia mais consolidada que os segmentos sociais tenham representantes deles mesmo, como é o caso das mulheres," destacou o sociológo.


Marcelo Ennes comenta resultado das eleições. Foto: Dionísio Neto/Rádio UFS
Marcelo Ennes comenta resultado das eleições. Foto: Dionísio Neto/Rádio UFS

Dois anos após ser eleita pela primeira vez para o cargo de vereadora em Aracaju, a candidata Kitty Lima (Rede) é uma das seis mulheres que vão ocupar uma das 24 cadeiras da Assembléia Legislativa de Sergipe a partir do próximo ano. Segundo a parlamentar, um dos principais desafios do mandato será a defesa da mulher, a exemplo do fortalecimento de políticas públicas. "É muito importante a participação da mulher na política, não só para acabar com esse universo machista que existe; esse mundo em que o homem acha que a mulher é posse dele," afirmou a vereadora.

O Professor de Ciência Política da Universidade Federal de Sergipe, Josadac Santos, considera que ainda há uma resistência a participação feminina na política. “Nós ainda estamos naturalmente muito longe de uam situação mais significativa da participação das mulheres na política brasileira. Existe uma certa esperança, por parte da população, de que a mulher na política seja menos corrupta, menos fisiologista, seja mais séria e tenha mais sobriedade para essa atividade," ressaltou o pesquisador.

Sergipe só conheceu uma voz feminina na Alese em 1934, após quase 100 anos da instalação da Assembléia Provincial, com a vitória da poeta e professora Quintina Diniz.


Atualizado em: Qui, 11 de outubro de 2018, 17:40
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